O FaceApp está fazendo grande sucesso por todo o mundo. Os usuários podem até não perceber, mas estão pagando (caro) por ele.
O que ele faz é prever como seriamos mais velhos, mais novos, ou até mesmo com outro corte de cabelo, por exemplo, tudo por meio de combinações de algorítimos de I.A.
Aos olhos da maioria das pessoas, é apenas um “app inofensivo” e essas mesmas pessoas sequer se perguntam porque alguém faria “gratuitamente” algo tão interessante e com tanta I.A.
Será que essas mesmas pessoas mudariam de opinião se soubessem que o app foi feito por uma empresa russa? É isso mesmo, o FaceApp é da organização russa Wireless Lab.
Porém, a grande questão não é de onde vem a empresa criadora do app. O que acontece de fato, é que essa firma não é uma organização fiel, criadora de uma “diversão gratuita”. Os usuários do FaceApp estão pagando à Wireless Lab: com seus próprios dados (presentes e futuros).
Veja, de uma vez por todas você precisa entender que estamos no mundo data-driven (guiado por dados), em função da 4ª Revolução Industrial (Cibernética). Na qual os dados possuem valor e utilidade, sobretudo quando podem ser organizados, bem como, classificados.
Então, a criadora da app, está colhendo informações sobre os clientes e construindo uma grande e valiosa base de dados. Isto é, tudo isso com a autorização dos usuários.
Por aqui você pode ler na íntegra a política de privacidade. Os usuários que baixam o FaceApp concordam com todos os termos descritos aqui.
A Base
Destaco que os russos da Wireless Lab podem:
- Coletar todo o conteúdo do usuário (por exemplo, fotos e outros materiais) publicados no app.
- Monitorar quais páginas da Web foram vistas pelo usuário.
- Coletar o endereço IP, tipo de navegador, páginas de referência / saída e URLs, número de cliques. Além de, como você interage com links no Serviço, nomes de domínio, páginas de destino, páginas visualizadas e outras informações desse tipo.
- Acessar, coletar, monitorar, armazenar em seu dispositivo e / ou armazenar remotamente um ou mais “identificadores de dispositivo”.
Veja que, por meio dessa enorme quantidade de dados captados e armazenados, a Wireless Lab pode também treinar cada vez mais os seus algorítimos de inteligência artificial, como já fez (e continua fazendo) o Google.
Política de Privacidade
Repare ainda, na política do FaceApp, como são amplas as chances de uso dos perfis do usuário:
- Fornecer conteúdo e informações personalizadas para você e outras pessoas, que podem incluir anúncios on-line ou outras formas de marketing
- Fornecer, melhorar, testar e monitorar a eficácia do nosso serviço
- Desenvolver e testar novos produtos e recursos
- Monitorar métricas como número total de visitantes, tráfego e padrões demográficos
- Diagnosticar ou corrigir problemas de tecnologia
- Atualizar automaticamente o aplicativo FaceApp no seu dispositivo
Chamo a atenção ainda que, em meio ao debate ético, por todo o mundo, sobre a utilização de reconhecimento facial dos cidadãos por governos e empresas. Sobretudo, quanto à transparência de como são usadas as informações recolhidas, as bases obtidas pelo FaceApp possuem potencialmente um valor financeiro ainda maior.
Isso porque podem contribuir para um maior percentual de acerto nas analises relacionadas ao reconhecimento facial, seja na ampliação dos bancos de dados – tanto ampliando o número de pessoas, quanto o número de fotos de uma mesma pessoa -, seja no desenvolvimento e treinamento de algorítimos de inteligência artificial de reconhecimento facial.
Talvez você não se importe com o uso dos seus dados e isso é um direito seu.
Porém, a intenção deste texto é conscientizar às pessoas que nem mesmo no mundo digital existe “almoço grátis”, ou seja, no mundo dos dados, se algo é “gratuito”, então o produto é o próprio usuário.
FONTE: DireitoNews
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